A crescente demanda na produção industrial, seus efeitos na cadeia ecológica global e nas relações sociais demandam que gestores de todo o mundo reavaliem sistemas de gestão ultrapassados, e que não colaboram na resolução dos problemas de um mundo capitalista globalizado. Pelo contrário, a gestão empresarial e industrial tal qual a conhecemos é a fonte motriz da defasada engrenagem da relação entre o capitalismo, o ecossistema e o desenvolvimento das sociedades.
Gerir empresas com compromisso social e ambiental é o pilar fundamental do novo modelo de gestão empresarial, denominado ESG. Em inglês, a sigla se traduz em seus próprios fundamentos:
– Environmental (Meio ambiente);
– Social;
– Governance (Governança).
Até um passado muito recente, a expansão comercial caminhou a passos largos, sem projetos conjuntos de sustentabilidade ambiental ou investimento social. O resultado foi a degradação dos recursos naturais, impactos no clima global, alargamento nas diferenças sociais entre países economicamente desenvolvidos, daqueles que não possuem investimento. Apesar de o ESG não ser novidade – seu início data da década de 1970 – foi somente na última década que o debate sobre o futuro da gestão empresarial ganhou força, tirando o ESG de uma posição de mera perspectiva para se tornar uma realidade. Hoje, todos os processos possíveis de produção precisam planejar a inclusão das demandas de responsabilidade social e ambiental.
O sistema ESG abrange, de forma prática, como industrias devem contabilizar não apenas os lucros financeiros, mas também o quanto a instituição é capaz de reduzir prejuízos no processo de produção de riqueza e aumentar lucros não apenas financeiros, mas conseguir gerar capital socioambiental.
Práticas ESG Como Meta Empresarial
Meio Ambiente, cuidado social e Governança precisam fazer parte das metas empresariais de cada setor produtivo. Em outras palavras, isso significa que o novo modelo de gestão inclui e absorve o conceito ESG.
Na prática, a gestão ESG irá implementar, dentro das organizações, rotinas de trabalho que incluem, por exemplo, as normativas:
Ambientais:
– educação ambiental – criar um ambiente colaborativo com a conscientização dos colaboradores, gestores e todos os envolvidos na cada produtiva sobre como cada ente deve colaborar para o alcance das metas de ESG;
– gestão dos resíduos – reciclagem do lixo, tratamento do esgoto, destinação correta dos resíduos químicos, dentre outras ações.
– uso de energia renovável – implantação de sistemas de energia limpa que utilizam fontes renováveis de produção; adaptação dos sistemas elétricos por outros mais modernos de gestão da energia.
– utilização consciente dos recursos naturais não renováveis – gerir o consumo da água, ampliar programas de desperdício zero e conservação de mananciais;
Sociais:
– práticas para promover a igualdade de gênero;
– contratação baseada na diversidade étnica, religiosa e racial, promovendo a inclusão de todos nos processos de produção, sem discriminação;
– engajamento dos colaboradores na visão ESG;
– programas de incentivo à saúde;
– envolvimento com a comunidade que vive no entorno da indústria ou empresa;
Governança:
– agregar competitividade e valor à marca, ao somar valores socioambientais às metas econômicas;
– identificação precoce de riscos ambientais para potencializar oportunidades de negócio;
– responsabilidade corporativa;
– ética e transparência na gestão.
O Sucesso ESG
A grande maioria dos empresários da atualidade já concorda que as práticas ESG são essenciais para o crescimento do mercado. Inúmeros investidores adotaram como condição a implementação do ESG para aplicação de aportes financeiros. Nos mais diferentes projetos, produtos, startups e indústrias, as práticas de gestão de lucro monetário, aliadas ao lucro socioambiental já são a forma como as empresas realmente funcionam.
Em 2022, a gigante do agronegócio JBS ganhou o prêmio “Melhores do ESG” realizado pela Revista Exame, por adotar práticas e metas ESG comprovadamente efetivas. Desde 2020, a empresa implementou normas e metas de ESG que vem sendo alcançadas com sucesso e, para os próximos anos, a empresa investirá U$1 bilhão em projetos de redução de emissões de GEE até 2030, reduzir em 15% o uso de água em seus processos também até 2030 a assumiu a meta de ser Net Zero até 2040.
Indo além, a pressão social sobre temas como as mudanças climáticas e a desigualdade social, diretrizes ambientais de organizações internacionais com a ONU e até mesmo a mudança no pensamento do consumidor – que está preocupado com a posição das empresas frente aos problemas causados pela cadeia de produção – resultaram na maneira como as corporações lidam com sua gestão. O futuro de todo o mercado, seja ele internacional ou comunitário, passará de agora em diante a ser planejado e executado sob a ótica do capital, do social e do meio ambiente.